segunda-feira, novembro 29, 2004

A Mulher do Hospital - Parte VIII *

Damos um longo e apaixonado beijo. Damos oportunidade nesse momento para nossas linguas dancarem, como nos proprios haviamos feito minutos antes. Nao satisfeitas, nossas linguas dancam, beijam, lutam, degladiam-se pela maior prova de paixao. Com minha mao desaperto um por um os primeiros 4 botoes de sua blusa, sem nunca largar seus labios. Meto minha mao por dentro, agarro-a pela cintura fina, sinto-a minha, que me pertence. Nossos labios descolam-se por sua vontade. Fica a olhar para mim, com a boca semi aberta, ainda saboreando nosso saboroso beijo. Todos nos vivemos nos nossos 5 sentidos nesse momento. Sem largar meus olhos, acaba de desapertar sua blusa, que tira e lanca para cima da mesa de vidro. Vejo uns peitos a explodir por dentro de um soutien de seda preto. Liberto-me da minha TShirt, ficando tambem de tronco nu.
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MJoao desliza um pouco mais no sofa, ficando deitada totalmente neste. Abre ligeiramente as pernas e deito-me por cima de si. Volto a beija-la, desta feita com minha mao em seu peito, que esta duro de desejo. Puxo para cima seu soutien e vejo seu mamilo, teso e desejoso que passe nele os meus labios, os meus dentes... Assim o faco, beijo-o, lambo-o, mordo-o. MJoao com suas maos na minha cinta empurra-me contra si, sentindo meu sexo tocar no seu com prazer. Liberto-a de seu soutien e ponho-me em pe no sofa, com uma perna de cada lado de seu corpo. Lentamento tiro os jeans, ficando so de boxers. MJoao decide fazer o mesmo e tira o cinto e depois, tambem lentamente, tira as calcas. Neste momento entro em alucinacao quase. A imagem que chega aos meus olhos deixa-me em extase. Incrivel como eh bela! Ve-la ali, deitada no sofa, seu coracao a bater desenfreado, o desejo a rebentar na sua pele, seu corpo suave e delicado pronto a ser explorado por mim em tudo o que eu quiser. Sinto-me abencoado, com sorte, como se os deuses simpatizassem comigo e me tivessem oferecido a mais bela das criaturas.
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Vendo-a a li, tao acessivel, volto a baixar-me e volto a beija-la. Deslizo minha mao desde sua cabeca ate suas cuecas. Brinco um pouco com sua beira, ora baixando, ora subindo, ate que meto minha mao por dentro. Passo ao de leve no seu clitoris, MJ comeca a gemer com mais intensidade. Suavemente, pedindo autorizacao com um olhar com um olhar, assim o faco, entro com um dedo em si. Com este faco-a atingir o primeiro orgasmo, de muitos, esperava eu. Ah medida que viajava o maximo possivel com meu dedo por dentro de si, lambia seus mamilos e acarinhava sua nuca. De repente, como que impelida por uma energia por mim dada, levanta-se. Agarra em mim e faz-nos trocar posicoes. Estou deitado no sofa de barriga para cima, ela de joelhos no chao mesmo a meu lado. Brusca e rapidamente tira-me os boxers, deixando-me completamente nu. Estou com tesao, escusado sera dizer, alias, naquele momento todo eu sou tesao, todo eu sou desejo, sentindo meu coracao pulsar nas veias, ah procura de descanso (que nao quero dar). Beija-me os mamilos, acarinha-me a barriga com festas suaves de seus cabelos, viaja para baixo, e esconde com sua boca meu sexo. Ora com suavidade brusca, ou uma brusquidao suave deixa-me quase a chegar ao orgasmo, altura em que a paro, agarrando-a gentilmente na cabeca com minhas maos.
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Levanto-me, pego-lhe pela cintura, sento-a no sofa, ficando eu de joelhos ah sua frente, um pouco abaixo. Roco ao de leve a ponta de meu sexo no seu clitoris, vendo-a de olhos fechados a morder o labio inferior e soltar leve gemido. Aproveito este momento em que nao me ve para a surpreender. Com um passe de magica e descricao, quando abre os olhos tenho o preservativo ja posto. Agarra-me pela nuca, olha no fundo dos meus olhos e diz-me:
- Vem... - assim o faco, entrando com tudo o que eh meu em toda a beleza que eh sua. Ao inicio devagar, com movimentos ritmados e espacados, que aumentam de velocidade ao fim dum minuto. A partir dai nao me lembro das coisas com clareza, foi tudo demasiado intenso. Sei que rolamos no chao, fazendo sexo quase como animais, centrando todo nosso pensamento no que estavamos a sentir. Estivemos na mesa de jantar, primeiro sentada por cima de mim, depois ambos deitados no marmore frio que rapidamente ganhou temperatura. Estivemos no meio da sala, em pe, comigo sustentando o peso de ambos, ela ao meu colo balancando-se freneticamente.
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Alguns minutos depois de ela ter um orgasmo cujo numero nao me recordo, sinto que esta perto a minha vez. Estavamos deitados no meio da sala, ela por cima de mim, eu agarrando seus peitos como se nunca os quisesse largar.
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- Estou quase!... - Digo baixinho, com os olhos cerrados. Nesta altura MJ aumenta o ritmo, fazendo-me aproximar, ate que finalmente rebento dentro de si, altura em que abranda subitamente, permitindo-me sentir em pleno cada musculo contraindo, casa celula saindo de mim. Depois rola para meu lado, estamos 5 minutos a olhar para o tecto e a respirar ofegantemente.
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Fecho os olhos. Nao me lembro de mais nada nessa noite...

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A Decisao


Mais um dia! Acordo com a boa disposicao de todos os dias desde que tomei a decisao. Bem, nao exactamente desde que tomei a decisao, mas desde que sai do periodo triste por ter tomado a decisao. Levanto-me, lavo os dentos, ponho cafe a fazer, ligo a aparelhagem com um CD qualquer (tudo menos radio) e vou tomar banho.
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Dez minutos depois, banho tomado, de tronco nu, calcas de fato e a caneca de cafe na mao, passeio pela casa a pensar no que tenho de fazer hoje. Basicamente eh dar uma vista de olhos sobre como estao a correr os alicerces para o Centro Comercial. Sim... Nao me apetece nada, tanta gente la, trabalhadores, pessoas... Enfim tem de ser... Visto uma camisa e um sorriso (que guardo para mim) e saio do apartamento. Chamo o elevador, que vem do decimo primeiro com duas jovens mulheres a conversar baixinho. Viro costas subtilmente e vou pelas escadas. Porque nao comecar o dia com exercicio? Quando chego ao Res-do-Chao, miro a porta ao fundo e finjo nao ouvir quando o Sr. Que-Nao-Quero-Saber porteiro me diz "Bom dia senhor Xavier!" - nem sei porque ainda tenta!...
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Quando saio esta o meu BMW Z3 prateado ah minha espera, mesmo em frente ah saida. Que regalo, nao me canso de olhar para ele. Abro a porta do passageiro e pouso nele o meu Blazer e a minha pasta. Entro no carro e ligo o leitor de CDs, Miles Davis. Ponho-me a caminho da empreitada.
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Quando chego, saio do carro, visto o casaco, e vou falar com quem tenho de falar. Ou melhor, vou ler os relatorios especiais que me fizeram, eles sabem ja de coisas que nao gosto de fazer. Aparentemente esta tudo bem e o trabalho que adiantei na semana passada esta a sortir efeito agora, posso tirar o resto do dia.
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- Dr.Xavier nao quer vir tomar um cafe connosco? - nao respondo.
- Dr.Xavier!! -
sou obrigado a responder.
- Nao, tenho muito que fazer.
- Mas tivemos a ver, e adiantou o trabalho todo, nao pode perder 5 minutos com a malta para tomar cafe?
- Nao, nao posso, desculpe.
- Ande la, so 5 minutos!
- NAO POSSO!! VOCE EH SURDO OU QUE??
- e saio disparado, a caminhar o mais rapido que posso; meu coracao a bater a 200 por hora. Que filho da puta, quem eh que ele pensa que eh?? Quem eh que ele pensa que eh? Quem eh que lhe deu esse direito? Querer ah forca toda entrar, foda-se! E aidna por cima esta farto de saber como sou, que caralho!...
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Va Xavier, calma, recompoe-te... Entro no carro, a transpirar, nervoso, acho melhor nao conduzir ja e esperar 5 minutos. Desde que tomei a decisao, de vez em quando tenho momentos destes, pessoas que nao veem um boi ah frente, nao sabem que toda a gente eh diferente e que pessoas diferentes buscam maneiras diferentes para serem felizes... Que merda...

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sábado, novembro 27, 2004

A Mulher do Hospital - Parte VII

Que pressa tinha, so queria sair dali, leva-la para algum lado, para sua casa, para minha, para o seu carro, nao me interessava, todo eu era desejo, todo eu a queria e queria-a naquele momento. Ela contudo ainda se conseguia controlar (nas atitudes, nao no olhar de mulher em chamas) e caminhava devagar atras de mim, perdia seu tempo ao ir buscar sua bolsa, penteando-se. Necessitando de ar puro, fiz-lhe um sinal e sai. A noite continuava perfeita. Passados alguns segundos ela chega, e sussura-me ao ouvido:
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- Pronto?
- Sim pronto... Voce?...
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Nao responde e caminha em direccao ao carro. Sigo-a, vendo-a caminhar. Pernas altas, cinta balancando ligeiramente, suavidade na maneira e brutalidade no sentimento. Apresso o passo e acerco-me, abracando-a pela cinta. Quando chegamos ao carro da-me a chave para a mao e entra para o lugar do passageiro. Dou a volta ao carro e entro. Apos dar um jeito no espelho e no banco arranco. Nao vou nada devagar, nao quero, sinto que nao tenho tempo. Nao lhe pergunto onde vive, sei-o (sem ela saber que o sei) e limito-me a conduzir. Nao trocamos palavra, nada se pode dizer naquele momento, quando tudo esta tao alto, tao perfeito, que qualquer palavra pode estragar tudo.
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Chegamos. Desligo o carro e saio. MJoao ja me espera ah porta de seu predio. Abre-ma, faco questao que entre primeiro, e dirigimo-nos ao elevador. Aqui a tensao eleva-se, sinto que faz um esforco para nao acelerar sua respiracao e tento nao olhar para si, tentando com que seja mais facil resisitir a agarra-la ja ali. Quando chegamos abre a porta com alguma brusquidao e logo de seguida a porta de seu apartamento. Quase a perco de vista, ate entrar. Curiosamente, o apartamento eh exacatamente o que imaginava: simples e com muito estilo. Quando entro na sala encontro-a sentada no sofa a olhar para mim, com um copo de vinho tinto na mao. Ha um leve e agradavel aroma no ar a incenso que imagino ser habitual, ja que nao tinha tido o tempo de se fazer sentir tao bem. A aparelhagem fazia-nos chegar BBKing, tornando o ambiente ainda mais descontraido.
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Liberto-me da camisa, ficando so com uma TShirt no tronco e caminho vagarosamente em sua direccao. Ela olha-me com os labios ligeiramente abertos, os olhos a chamarem-me e as maos a apertarem um pouco a almofada do sofa. Ajoelho-me, para aproximar meus labios dos seus. Sinto que cada vez respira mais ofegante e sinto tambem meu coracao espalhar energia pelo resto do meu corpo, sinto-me quente, na mente e nos sentidos. Agarro-lhe a nuca com uma mao, aproximando sua boca da minha e acontece o tao desejado... [continua]

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sexta-feira, novembro 12, 2004

Historia da Avozinha

- Vozinha, conta la outra vez como conheceste o avo!!
- Sim, Vozinha, conta conta! - Beatriz e Filipa adoravam ouvir vezes sem conta a historia de como seu avo havia conhecida sua avoh. apesar da tenra idade, deliciavam-se com o romantismo e com os pormenores da historia.
[suspiro] - Esta bem, esta bem... Bem, foi ha muito tempo, foi em 2002 vejam voces! Ja faz mais de 40 anos! O Avo estava a estudar no pais da Avo, era um estudante muito dedicado e tudo lhe estava a correr bem.
- Que idade tinha?
- Tinha 22 anos. Pois acontece que um dia a Avo estava muito muito triste, tinha tido um desgosto amoroso muito grandeee!
- Porque?
- Porque o menino de quem a Avo gostava tinha arranjado outra menina. Entao a Avo ficou muito triste e fez coisas que nao devia. Bebeu um bocadito mais do que queria...
- Porque Avo?
- Por nenhuma razao filha. Sabes as vezes os adultos fazem coisas que nao tem sentido! Sao muito complicados os adultos. Pois estavamos em pleno Janeiro, e nevava muito muitooo! Voces sabem que neva muito no pais da Avo nao sabem?
- Siiiim!
- Estava muito frio, menos de 10 graus negativos! E a Avo quando ia para casa acabou por desmaiar...
- Desmaiar?
- Sim filha, quando as pessoas ficam a dormir assim de repente e depois nao conseguem acordar logo...
- Ah...
- Estava muito frio e a Avo podia ter morrido, se nao fosse o vosso Avo! Ele estava a ir para casa e viu a Avo deitada no caminho, e de imediato a vestiu com seu casaco e me levou para sua casa.
- De que cor era o casaco Avo?
- Era verde filha.
- Mas da outra vez disseste que era azul!...
- Sim filha era azul... Pois entao o Avo levou a Avo para sua casa, deitou-a na sua cama, com muitos cobertores e dormiu a seu lado, no chao!
- No chao? E nao se magoou?
- Nao filha, aquele chao era mole (!). Depois, no dia seguinte, a Avo nao sabia onde estava e estava muito preocupada! O Avo tinha preparadao um pequeno-almoco cheio de muita comidinha boa e a Avo devorou tudo tudo! E assim depois levou-me a casa e eu fiquei com o seu numero e comecamos a comunicar!...
- Comunicar?
- Sim filha, a mandar mensagens, a telefonar, ate que comecamos a nos encontrar e olha, aconteceu!... Uma noite demos um beijinho e ficamos namorados!
- E depois?
- Depois o Avo voltou para Portugal, eu fiquei na Finlandia a acabar o que estava a estudar e depois vim para aqui trabalhar. Casamos, tivemos filhos e agora temos 2 netinhas muito lindas e curiosas!!
[risos das meninas]

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quinta-feira, novembro 11, 2004

"Agora" [Outro Ponto de Vista]

- Diz-me que vais amar-me para sempre. - Acho que foi aqui, neste preciso instante, que vi tudo acabar. Nao que fosse uma pergunta inedita, ja tinhamos falado nisso algumas vezes, sem acabar com a relacao. Mas naquele instante, no momento em que foi, na altura da nossa relacao, tudo parecia dizer-me que aquela pergunta encerrava tudo. Estavamos deitados, eu de barriga para cima, ela a meu lado. Podia ter dito mil e uma coisas, mudar de assunto, fazer promessas, mas eu nao sou assim... Se calhar devia ser, mas nao sou. Bem, mas nao interessa nada isso, tive de dizer o que ia dentro de mim...
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- Sabes que nunca penso no futuro. - disse, continuando a mirar o tecto. Nao estava a olhar para ela, mas poderia descrever exactamente a sua expressao. Acho que no fundo ja sabia o que ia responder. Nao sei... Nao consigo, nao quero mudar. Sei que devia fazer cedencias, tentar mudar, mas conhecemo-me, e sei que se nao for fiel a mim mesmo nao me sinto bem. Mas eu tentei, ela seguramente pensa que nao, mas tentei. Quantas noites cheguei a sua casa com um filme e pipocas, disposto a passar uma noite sossegada com ela? E quantas vezes ela adormecera no sofa, deixando-me a ver o filme "sozinho"? Nao a condenava, subia-lhe o cobertor, dava-lhe um beijo na cabeca e ia la fora, respirar a noite e pensar...
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Levantou-se e comecou a vestir-se. Eu olhava para ela, como que tentando gravar na minha memoria estes ultimos momentos passados com ela. Apesar de tao diferente de mim, nos ultimos tempos, desde que entrara na minha VIDA contribuira para uma certa estabilidade, um "nao me sentir sozinho". Adorava-a, e gostava de estar com ela. Nao sei se vamos continuar a ser amigos ou nao, acho dificil, estar com ela como amigo, talvez sempre a pensar no que passou... Nao acabamos a relacao chateados, isso nao. Desde o inicio, quando no Teatro Gil Vicente iamos ver aquela peca (que nao me lembro), beijamo-nos, como que num acto de confirmacao do romance que crescia de dia para dia, e fiz questao de lhe dizer:
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- Eu gosto de ti, gosto muito de ti e gosto de estar contigo. Mas nao sei se gostas da maneira como encaro a VIDA. Contudo eh justo dizer-te, que nao consigo, nem quero, mudar... Se ficares comigo, tudo o que te posso dar eh o "agora", nunca me pecas o "amanha". - ela sorriu e disse que naquele "agora" queria estar comigo.
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E assim fomos vivendo um "agora" juntos, quase sempre a 200 ah hora, acompanhando minha maneira de viver. Enganava-me a mim proprio, dizendo que ela gostava, mas reparava num olhar distante e quase triste que por vezes deixava escapar.
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Antes de comecar a vestir-se disse-me...
- Desculpa, sempre estive errada. Bem sabes que o meu "agora" sempre foi diferente do teu... Desculpa.
- Sempre o soube, mas neste "agora" tinha-te, e era tudo o que me interessava. Adeus, ficaras sempre no meu passado. - estava a dizer isto e ja estava com saudade dela. Lembrar-me-ia do seu rosto, da sua maneira para sempre.

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terça-feira, novembro 09, 2004

A Mulher do Hospital - Parte VI

Quando entramos dirigimo-nos ao local onde podemos guardar nossos casacos. MJoao estendeu-me o seu, adivinhando a delicadeza que eu teria, de me oferecer para o guardar. Com seu braco branco e fino, estendeu-me seu casaco suavemente, mas sem olhar para mim. Eu, ao mesmo tempo que pagava ao senhor, tentava perceber qual era seu jogo. Que gozo me estava a dar aquilo. Queria prolongar para sempre... Eis que solta o cabelo, inclina a cabeca um pouco para tras, fazendo-o dancar lentamente, enfia seus dedos por entre as madeixas e agita calmamente. Enquanto fazia isto segurava o pedaco de madeira que usara para prender o cabelo, com seus labios, num trejeito que a fazia ser extremamente sensual. Agora sabia que estava a ser genuina, aquela sensualidade era-lhe propria, nao estava com jogos, tampouco sabia que eu a estava a admirar. Ao inclinar sua cabeca para tras, deixou-me ver tambem um pouco de sua barriga. Perfeita... Branca, como de resto tudo o resto, bela, firme. Adivinhei uma tatuagem junto ah anca direita, mas nao consegui perceber o que era. Guardou o pedaco de madeira no bolso de tras das calcas.
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- Estou desejosa de uns passinhos de danca, atreve-se?... - pudera eu explicar a maneira como falara, e seria o poeta mais sensivel e inteligente de sempre. Nao consigo explicar a maneira como seus olhos brilhavam, como se estivesse estado a chorar, mas sem se notar a tristeza. O seu cabelo, que dantes me deixara interessado, havia agora declarado-se a mim. Queria perder-me nele, embalar-me. Amaldicoei-me porque os papeis estavam novamente modificados. Ou melhor, estavam modificados, porque agora nao pensavamos sequer no desejo que o outro sentia por nos, so nos interessava a maneira como desejavamos o outro.
- Como poderia dizer que nao?... - disse, caminhando lentamente em direccao ah pista. Juro que nao sei dizer que musica tocava... Nao interessava. Balancava o meu corpo da mesma maneira que ela balancava o seu. So tinha olhos para ela, so tinha ouvidos para ela, queria ter meu corpo para ela. Estava perdido de paixao, de desejo.
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A situacao comecava a ficar insustentavel. So me dava cada vez mais desejo ver a maneira como ele me desejava. Estava ah espera de um movimento de ataque. Queria que ele me atacasse. Nao queria ser eu a dar o primeiro passo, queria ser conquistada, mas tinha de lutar comigo mesma para nao por em accoes tudo o que sentia.
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Os dois, envolvidos por todo aquele clima criado pelos mesmos, viam o tempo passar, ora devagar, quando queriam que passasse rapido para sairem dali e poderem ser livres, ora depressa, quando pensavam que adoravam aquilo que estavam a fazer, os jogos que estavam a jogar, aquilo que estavam a criar. A sensualidade ganhara nomes, ganhara forma, e passeava pelos corpos de ambos, de maneira suave e quase pura. Ao mesmo tempo, eram como criancas, que nao sabiam o que fazer, so sabiam o que queriam fazer. Seus corpos estavam cada vez mais juntos. Luis conseguia ouvir mais facilmente seu coracao, sua respiracao do que a musica e seu ritmo. Dancavam agora juntos, colados, sentindo o cheiro e quase o sabor de seus corpos. Luis com suas maos nas ancas de MJoao, esta balancando seu corpo, ao ritmo de seus desejos, passeando seus labios a escassos centimetros dos de Luis. Este, quase bruto, agarra-a, puxa-a para si e sente seu corpo vibrar, sorrir.
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Foi este que pos em palavras os desejos de ambos quando, chegando sua boca aos ouvidos de MJoao, sussurou: - Vamos sair daqui...

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terça-feira, novembro 02, 2004

"Agora"

- Diz-me que vais amar-me para sempre.
- Sabes que nunca penso no futuro...
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Foi de mais... Estavamos deitados, nus, no chao por cima do edredao de sua cama. Ele estava deitado de barriga para cima, e eu, a seu lado, deitada de barriga para baixo, vendo duas gotas de suor escorrem pelo seu pescoco. Mas esta resposta que me deu, foi de mais para mim. Estava cansada daquele estilo de VIDA, daquela velocidade. Desde que o conheci, abandonei o meu tricot, para substitui-lo por tardes passadas na parte de tras duma moto 4, a apanhar com lama e agarradinha a ele... Substitui as minhas tardes calmas a ler Ary dos Santos, por tardes passadas na praia de Espinho, ah chuva a ve-lo surfar... Subsitui as minhas noites calmas na minha cama, por noite passadas ao relento, ao som de bichos que eu nem sabia nomear. Tentei, tentei tudo por ele, mudei meus habitos, mudei-me, e ele, nem uma coisa destas consegue dizer?... Mas eh tao injusto que pense isto ao mesmo tempo... Desde o primeiro momento, em que nos beijamos na fila para entrar no Teatro, que me disse:
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- Eu gosto de ti, gosto muito de ti e gosto de estar contigo. Mas nao sei se gostas da maneira como encaro a VIDA. Contudo eh justo dizer-te, que nao consigo, nem quero, mudar... Se ficares comigo, tudo o que te posso dar eh o "agora", nunca me pecas o "amanha".
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Sorri e disse-lhe: - Eu agora... Quero ficar contigo...
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Mas agora, que penso nesse ontem, sei que desejava um amanha. Alguma certeza. Sera que as pessoas sao o que sao, e nao podem mudar?... Eu tentei, Deus sabe como tentei, adaptar-me ao teu estilo de VIDA, mas andava sempre como que incompleta. O que me completava era estar a teu lado, fazer amor, perder-me, de olhos fechados, em tudo o que era teu. Precos que temos que pagar... Sera?
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- Desculpa, sempre estive errada. Bem sabes que o meu "agora" sempre foi diferente do teu... Desculpa. - levantei-me e comecei a vestir-me. Quando acabei, dirigi-me devagar para a porta.
- Sempre o soube, mas neste "agora" tinha-te, e era tudo o que me interessava. Adeus, ficaras sempre no meu passado. - disse ele, com uma voz carinhosa e resignada que nao esperava. Sorri, pensei no que passamos juntos e, convicta de que o amaria para sempre, sai do quarto.

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