Everything Is In It's Right Place
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Narrador, 15 minutos para a viagem
Uma sala escura. Uma pessoa no centro, em pé, virado para uma parede onde um relógio digital mostra uma contagem decrescente que acaba de passar pelos 15 minutos. 19 pessoas de idades entre os 18 e os 26 anos, de frente para a parede fazem uma meia lua perfeita tendo como centro a pessoa de pé. Em frente a cada pessoa uma vela, fontes únicas de luz, e um copo cheio.
Pessoa A
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo. Comigo estão 19 jovens que acreditam mais em mim do que alguma vez alguém acreditou. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo alguém haveria de me dar a importância merecida. Demorou, mas eu sabia que havia algo de grandioso guardado para mim. Se ao menos os meus pais, que sempre diziam que eu nunca ia ser ninguém, me vissem agora. Se os meus colegas de escola, que sempre me humilharam, me vissem a liderar estas pessoas, que me vêem como um deus!... E na verdade trago, não a palavra dele, mas de alguém superior a ele, que me deu a liberdade de escolher e levar os escolhidos, sem ser castigado.
Pessoa B
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo! Não me acredito, não caibo em mim de felicidade! Faltam quinze minutos mas para mim parecem 15 anos! Como eu esperei por este momento! De onde estou vejo os meus colegas de viagem, todos, ou quase todos, com um sorriso enorme no rosto. Será que estão tão felizes como eu? Em pé, voltado para a parede está o grandioso líder, Pessoa A, que com a sua sabedoria soube guiar-nos e mostrar-nos o caminho.
Pessoa C
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo! Cobarde como sou, sei que nunca conseguiria fazê-lo sozinha. Foi quando veio o palhaço Pessoa A falar comigo que percebi que era a minha oportunidade de fugir de tudo duma vez por todas. Com mais 20 pessoas a fazer o mesmo que eu, sei que consigo ter forças para abandonar esta dor que me sufoca. Olho em volta e vejo um monte de palermas com um sorriso pateta nos lábios. Do tipo de sorriso que não dou desde que... Está tudo perfeito, porque faltam apenas 15 minutos.
Narrador, 10 minutos para a viagem
Pessoa A
Penso em tudo o que alcancei e solto uma lágrima que desliza e cai no chão. Sinto que se inquietam, e volto-me, sorrindo, para que não se assustem.
Pessoa B
Quando vejo Pessoa A com uma lágrima nos olhos, encho-me eu próprio delas. Como é grande! Alguns colegas assustam-se, sinto, pensam que está com medo. Mas eu sei que não, chora de felicidade pela transição. Como é grande.
Pessoa C
O tempo escorrega vagarosamente. O pessoa A solta uma lágrima, está todo cagado... A dor que sinto permanece, come-me por dentro, passeia-se dentro da minha pele e corrói-me segundo após segundo. Sinto esta dor no fundo da garganta constantemente, não gosto de ninguém no mundo, e deles todos sou quem me odeio mais.
Narrador, 1 minuto
Pessoa A
Pego no copo. Sinto que fazem o mesmo. Sinto uma adrenalina imensa dentro de mim. Não sei se é medo, mas peço desculpa a deus A, por ter este medo. É apenas a minha condição humana, que teme o desconhecido... Penso arduamente no próximo nível, não consigo evitar pensar em toda a gente que já me humilhou, e bebo.
Pessoa B
Um minuto... Dentro de um minuto estarei ainda mais feliz, pois verei concretizados todos os meus projectos, todos os meus sonhos. Estarei nesse sítio onde não há dor, onde não há mães que se suicidam nem pais bêbedos, tudo de bom, tudo de bom para mim. Bebo.
Pessoa C
Estou a um minuto da morte e não sinto nada. Sinto o vazio que sinto todos os dias, todas as noites, em que mal durmo e acordo a transpirar. Como todos os dias em que falam comigo e olho para trás vendo para quem realmente falam... "Hora zero", como diriam eles. Adeus mundo.
O Que Vejo
Pessoa B
Nada. Para sempre.
Pessoa C
Cuspo tudo o que tenho na boca. Sou uma cobarde. Vejo quase 20 pessoas à minha volta a tossirem convulsivamente e caírem para o lado. À minha frente vejo Pessoa A a cambalear e tentar correr para um canto com os dedos na boca. Vomita.
Pessoa A
O que vejo... Volto-me para trás, vejo apenas os olhos duma rapariga humilharem-me pela minha cobardia, pelo meu medo. A humilharem-me, mais uma vez.
Narrador, 15 minutos para a viagem
Uma sala escura. Uma pessoa no centro, em pé, virado para uma parede onde um relógio digital mostra uma contagem decrescente que acaba de passar pelos 15 minutos. 19 pessoas de idades entre os 18 e os 26 anos, de frente para a parede fazem uma meia lua perfeita tendo como centro a pessoa de pé. Em frente a cada pessoa uma vela, fontes únicas de luz, e um copo cheio.
Pessoa A
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo. Comigo estão 19 jovens que acreditam mais em mim do que alguma vez alguém acreditou. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo alguém haveria de me dar a importância merecida. Demorou, mas eu sabia que havia algo de grandioso guardado para mim. Se ao menos os meus pais, que sempre diziam que eu nunca ia ser ninguém, me vissem agora. Se os meus colegas de escola, que sempre me humilharam, me vissem a liderar estas pessoas, que me vêem como um deus!... E na verdade trago, não a palavra dele, mas de alguém superior a ele, que me deu a liberdade de escolher e levar os escolhidos, sem ser castigado.
Pessoa B
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo! Não me acredito, não caibo em mim de felicidade! Faltam quinze minutos mas para mim parecem 15 anos! Como eu esperei por este momento! De onde estou vejo os meus colegas de viagem, todos, ou quase todos, com um sorriso enorme no rosto. Será que estão tão felizes como eu? Em pé, voltado para a parede está o grandioso líder, Pessoa A, que com a sua sabedoria soube guiar-nos e mostrar-nos o caminho.
Pessoa C
Está tudo perfeito, tudo no lugar certo! Cobarde como sou, sei que nunca conseguiria fazê-lo sozinha. Foi quando veio o palhaço Pessoa A falar comigo que percebi que era a minha oportunidade de fugir de tudo duma vez por todas. Com mais 20 pessoas a fazer o mesmo que eu, sei que consigo ter forças para abandonar esta dor que me sufoca. Olho em volta e vejo um monte de palermas com um sorriso pateta nos lábios. Do tipo de sorriso que não dou desde que... Está tudo perfeito, porque faltam apenas 15 minutos.
Narrador, 10 minutos para a viagem
Pessoa A
Penso em tudo o que alcancei e solto uma lágrima que desliza e cai no chão. Sinto que se inquietam, e volto-me, sorrindo, para que não se assustem.
Pessoa B
Quando vejo Pessoa A com uma lágrima nos olhos, encho-me eu próprio delas. Como é grande! Alguns colegas assustam-se, sinto, pensam que está com medo. Mas eu sei que não, chora de felicidade pela transição. Como é grande.
Pessoa C
O tempo escorrega vagarosamente. O pessoa A solta uma lágrima, está todo cagado... A dor que sinto permanece, come-me por dentro, passeia-se dentro da minha pele e corrói-me segundo após segundo. Sinto esta dor no fundo da garganta constantemente, não gosto de ninguém no mundo, e deles todos sou quem me odeio mais.
Narrador, 1 minuto
Pessoa A
Pego no copo. Sinto que fazem o mesmo. Sinto uma adrenalina imensa dentro de mim. Não sei se é medo, mas peço desculpa a deus A, por ter este medo. É apenas a minha condição humana, que teme o desconhecido... Penso arduamente no próximo nível, não consigo evitar pensar em toda a gente que já me humilhou, e bebo.
Pessoa B
Um minuto... Dentro de um minuto estarei ainda mais feliz, pois verei concretizados todos os meus projectos, todos os meus sonhos. Estarei nesse sítio onde não há dor, onde não há mães que se suicidam nem pais bêbedos, tudo de bom, tudo de bom para mim. Bebo.
Pessoa C
Estou a um minuto da morte e não sinto nada. Sinto o vazio que sinto todos os dias, todas as noites, em que mal durmo e acordo a transpirar. Como todos os dias em que falam comigo e olho para trás vendo para quem realmente falam... "Hora zero", como diriam eles. Adeus mundo.
O Que Vejo
Pessoa B
Nada. Para sempre.
Pessoa C
Cuspo tudo o que tenho na boca. Sou uma cobarde. Vejo quase 20 pessoas à minha volta a tossirem convulsivamente e caírem para o lado. À minha frente vejo Pessoa A a cambalear e tentar correr para um canto com os dedos na boca. Vomita.
Pessoa A
O que vejo... Volto-me para trás, vejo apenas os olhos duma rapariga humilharem-me pela minha cobardia, pelo meu medo. A humilharem-me, mais uma vez.
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