segunda-feira, janeiro 24, 2005

Eu

Acordo! Ah minha volta a desarrumacao do costume, que nao interessa corrigir. Levanto-me, ligo a musica bem alto, fumo um cigarro. Volto a sentar-me... O primeiro cigarro do dia, fumado assim cedo bem que me da tonturas!...
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No telemovel 3 toques e duas mensagens da Ana, que vao parar imediatamente ah reciclagem sem serem lidas! Cometer um erro uma vez acontece, duas vezes eh humano, mas tres eh estupido, nao me apanhas mais tu... Tou-me a cagar...
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Vou ah cozinha, ponho cafe a fazer e vou tomar banho. Entro na banheira ainda com o cigarro aceso que apago no cinzeiro estrategicamente colocado acima do chuveiro (!) para situacoes como esta, que acontecem todos os dias! Enfim, que te posso dizer? Eh aquela rotina que eu curto tanto!...
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Banhinho a curtir uma musica, saio, nao faco a barba, ponho desodorizante e vou, de toalha ah cinta e a pingar o chao todo, para o quarto, onde visto quase as primeiras pecas que me aparecem ao abrir as portas do armario.
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Merda! O cafe! Quando chego ja esta a agua a transbordar, a encher o fogao de cafe. Meto este numa chavena e deixo as limpezas para mais tarde. Quando acabo de me vestir, ponho o meu bone vermelho e vou para o jardim. Ganho pouco com o que faco mas sou feliz! Um retrato aqui, um retrato ali, e as vezes chego aos 150 contos por mes! Claro que eh so no Verao, mas o Inverno eh outra historia! Ai arranja-se outra cena qualquer.
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Saio de casa, headphones e cachecol, dois acessorios que nao dispenso. Sinto o Vento agradavel que condiz com a musica que ouco e vou caminhando, devagar, a curtir cada passo. Nem penso na Ana, nao estou minimamente para ai virado! Se quer arrastar-se para a depressao, que se arraste sozinha! De miudas assim estao o mundo cheio! Tenho pena, ao mesmo tempo, mas tou de consciencia tranquila! Sou demasiado boa gente para ela me fazer o que faz. Eh ou nao eh?
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Quis o destino que de momento nao tenha gtandes amigos. Foderam-se quase todos com a droga. Eu sai a tempo e os outros foram todos por agua abaixo. Ainda vejo um ou outro de vez em quando na rua, a pedir dinheiro, com um olhar vago e morto. Nao dou dinheiro porque sei para que eh, mas as vezes levo um ao MacDonalds. Coitados...
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De qualquer maneira, amigos virao, e amor tambem. Nao vou procurar por ele. Quando me quiser encontrar estou mesmo aqui, nao saio do sitio! E sou feliz assim, leve, sem merdas, sem falsidades. Eu e eu, aberto a outros tu's...

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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Carta

Amor,
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Adorei estes dias que passámos juntos. Se me perguntarem aquilo que gostei mais foi de ter-te ali ao meu lado, quando acordava vez por vez a meio da noite. Então, abraçava-te muito, sentia o teu corpo nu e quentinho junto ao meu e dizia-te que gostava muito de ti. Não sabia se me ouvias ou não, mas como sabia que o sabias, não me preocupava se não ouvísses. Simplesmente gostava de te dizer.
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Depois beijava ligeiramente os teus lábios e ficava a abraçar-te um bocadinho, até voltar a adormecer.
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De vez em quando vinha-me ao pensamento a viagem que vais fazer. Já estivémos longe um do outro, mais que uma vez, por mais que pouco tempo (assim escolheu nosso destino) agora foi a vez em que estiveste mais longe de mim. E quando voltaste, quando te vi, bela como sempre no aeroporto, enganei-me a mim próprio sem saber, e acreditei que estavas cá para ficar. E farto da saber ao mesmo tempo que passado um mês ias partir de novo...
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Assim é a VIDA não é querida? Partidas, chegadas... Cabe-me a mim ficar aqui, à tua espera. Farei outras coisas, sim, mas estarás sempre no meu pensamento. Sabes... De vez em quando penso nisto, sabes que sim... Penso no quanto eu queria agarrar os momentos em que estou contigo, e no quanto é impossível. Parece ter sido há 2 segundos que nos encontramos para estarmos juntos, e há 1 segundo que te disse adeus. E mais uma vez tenho de dizer... Assim é a VIDA não querida?... Momentos que queremos agarrar com tods as nossas forças mas passam entre um abraço e um suspiro...
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AMT

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quinta-feira, janeiro 13, 2005

A Mulher do Hospital - Parte X

Cheguei a casa bastante bem disposto. Dizia a mim próprio para ir com calma com o que sentia, mas nunca fui muito de ouvir a voz da razão e então permitia-me sonhar. Cheguei a sentir-me embaraçado com o meu próprio comportamento... Averdade é que sentia-me como se fosse um adolescente que tinha dado o primeiro beijo! Enfim... Via nela mesmo alguém que podia agarrar-me. Via que ainda tinha tanto para dar, e eu tinha tanto por descobrir nela... Sempre que me envolvia com alguém a magia desaparecia ao fim de uns dias, mas com MJoão não, magia era com ela, minha feiticeira...
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Contudo (puta que pariu os "contudos"...), a verdade é que os próximos dias foram uma merda para mim. A alegria que sentia nesse momento ao chegar a casa permanceu por essa tarde, em que andei por casa, esvaneceu um pouco na noite, em que ela não ligou. A verdade é que estava a morrer para estar com ela, ao lado dela, dentro dela, tudo relacionado com ela eu queria nesse dia. Queria estar abraçado, conversar, fazer amor (não seria foder), dançar, tudo...
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Mas tinha esta política de deixar o baralho nas mãos dela. Chamem-lhe inseguro, chamem-lhe o que quiserem, mas não queria ser eu neste momento a ligar, porque queria que ela fizesse nada mais nada menos que o que lhe apetecesse. Não queria ligar e faezr com que ela viesse contrafeita tomar café comigo. Eu chamo-lhe cavalheirismo. Todavia, após o segundo dia sem me ligar, este cavalheirismo foi traduzindo-se cada vez mais num aumento do meu número de cigarros por dia. Eu, que estava a reduzir cada vez mais, nesse momento estava a fumar maço e meio por dia!... Estava a estranhar-me a mim próprio, só pensava nela, nas razões pelas quais não me ligava. Seria que tinha perdido o número, será que disse algo que não devia? Que é que eu fiz?... Não me conseguia concentrar no trabalho, dormia pouco e sonhava com ela, ora não tinha apetite ora comia por mais de uma hora...
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"Meu Deus, estou a ficar obcecado..." - pensei. Contudo, se fosse obcecado aquilo que eu estava, estava aquilo a que talvez se possa chamar um obcecado simpático... Tinha perfeita consciência do meu estado e das suas razões, não despejava nas outras pessoas. Estava triste, simplesmente triste... E assim se passou uma semana, nenhum telefonema... Estaria ela a passar o mesmo, pensava eu... Não, claro que não, eu deixei-lhe um bilhete a dizer para me ligar, respondia-me eu.
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E foi na segunda Terça-Feira que eu não aguentei mais. Vesti uma voz calma, auto-confiante e descontraída e resolvi ligar-lhe, tinha de saber o que estava a passar-se. Merecia ao menos saber em que ponto as coisas estavam...
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- Estou sim?
- Estou, João, é o Luís... [continua]

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sexta-feira, janeiro 07, 2005

Esperarei por ti

Meu amor, partiste na semana passada e as saudades já são tantas que sufoco. Tenho saudade de acordar e ter-te à minha varanda, com um ramo de rosas brancas acabadas de apanhar, com seu perfume fresco e belo a condizer com o aroma a sabão das velhas que lavam a roupa na ribeira. Saudades de passear contigo à beira mar e ouvir-te horas e horas a falar do mundo aquático, das estrelas, das Américas com as suas viagens à lua, de Shakespeare, Hemmingway e todos os outros autores que não sei nomear.
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Saudades de ti, de me deixar passear de mão dada contigo, o meu cavalheiro que me faz a corte da maneira mais suave e sedutora possível, deixando todas minhas amigas a morderem-se de inveja. Sempre tive orgulho no nosso amor, tão puro, tão perfeito, tão orientado para a felicidade e bem estar do outro. Por isso meu amor, daria a minha VIDA por ti se pudesse. Como queria ser eu no teu lugar meu querido... Entregava-me de corpo e alma às balas, à violência que o Homem cultivou e que fez com que te tirassem agora de mim.
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Dizem que não vais voltar vivo meu amor!... Dizem que foste colocado na linha da frente, e quem é colocado na linha da frente morre sempre. Não é verdade pois não meu amor?... Por favor diz-me que não. Sabe que choro ao escrever esta carta, e quando a enviar, meu coração vai sofrer a cada batida, esperando uma resposta tua. E eu espero por ti amor.
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Pedi-te para não ires. Disseste que te prendiam. Pedi-te para fugires comigo. Disseste que devias isto ao teu país. Fingi que compreendi e despedi-me rápido de ti nesse dia, não queria que me visses chorar, não queria que visses o meu desabar em lágrimas desesperadas.
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Assim me despeço meu amor. Sabe que te amo e espero por ti. Caso não retornes, aí eu própria desaparecerei. Continuarei a viver, mas desejando partir, para poder estar contigo outra vez. Esperarei por ti meu amor.
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Desta para sempre tua,
Florbela.

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domingo, janeiro 02, 2005

Passagem de Ano

- Conta lá como foi duma vez por todas mulher!!
- Ai... Tão lindo... - deixa escapar Laura, num enésimo suspiro. Esse suspiro tinha um nome, Filipe... Conhecera-o nessa passagem de ano, de 2004 para 2005, na discoteca que tinham escolhido para a festa.
- Ok, foi na passagem de ano, isso já sabes... [pausa] Sabes, estávamos sem saber onde ir quase até à última hora, e acabamos por nos decidir a ir para lá, e foi uma escolha tão acertada...
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Apesar de ter sido contra a sua vontade que iam para aquela discoteca, Laura teve de ceder, já que ir sozinha para outro sítio estava fora de questão.
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E foi assim que, depois dos lábios pintados, rímel, alguma base na face, perfume (Deep Red), e uns brincos criteriosamente escolhidos, saiu para a "Pre-Party" em casa de Ana, sua melhor amiga. Lá estavam os seus amigos quase todos, que não eram muitos (apenas sete) mas eram bons. Ana vivia no Búzio, na mesma cidade que Laura, Vale de Cambra. Seus pais tinham ido para o Furadouro com seus tios e esta aproveitara o facto de ter a casa para si.
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Entre jogos de bilhar, copos de vinho, cigarros e cigarrilhas, conversas amenas e brandy, as horas foram passando, e com elas o ano de 2004 acabou. 5, 4, 3, 2, 1, bom ano novo... Esquecera-se de resoluções de ano novo e decidira simplesmente viver à sabor da corrente e acabar com os "este ano vou deixar de fumar, vou ser mais paciente, blá blá blá...".
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- E se fôssemos andando para a Sem Nome? - "Sem Nome" era o nome da discoteca para onde iam. O relógio anunciava serem 2h, e já era mais que tarde para irem. Não demoraram mais que 10 minutos a chegar a Algeriz, sítio onde era a discoteca.
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Após entrarem, dar o bilhete, procurar um sítio para guardar o casaco e ir buscar uma bebida, foi aí que ela o viu.
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- E agora é que vais ficar admirada!...
- Com quê?
- Já sabes que eu o conheci na discoteca, agora o que não sabes é que ele trabalhava lá!...
- Não!...
- Sim!...
- Então, mas como?
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Filipe, rapaz de boas intenções mas longe de ser um empregado eficiente, supostamente andaria a apanhar os copos que as pessoas deixavam pela discoteca, mas estava mais preocupado em ter calma no trabalho, divertir-se, dançar um pouco se possível. Contudo, num dos poucos momentos em que estava realmente a fazer algo útil, pegou num copo que tinha ainda um pouco de líquido no fundo, para o levar.
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- E foi aí, nesse momento!
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Laura toca no ombro de Filipe, já que o copo que este tinha na mão lhe pertencia e ainda ia beber aquele restinho. Filipe olha para trás e houve aquele "clic". Aquele "clic" que acontece quando duas pessoas com uma afinidade inexplicável se vêem. No momento em que Filipe olhou com seus olhos grandes e negros, esboçando o seu sorriso de convencido mas charmoso, Laura sentiu um calor descer desde o peito ao ventre.
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Filipe sentiu o mesmo, apesar de o ter disfarçado na perfeição. Nunca baixava aquele ar de rapaz com auto-confiança inabalável, e era isso que o fazia tão irresistível.
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Como o olhar que trocaram foi seguido de um sorriso que falava, não foram precisas palavras para fazerem o outro perceber da atracção instantânea de cada um. A partir desse momento procuravam-se com o olhar com frequência, Filipe ora aparecia ora desaparecia, de vez em quando surgia por trás, subtil punha sua mão na cinta de Laura e dançavam uns segundos, até que o rapaz tinha de desaparecer novamente.
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- E foi assim toda a noite! Não imaginas a sensação... Não sei porquê, curti imenso aquele jogo de sedução. E o rapaz era tão arrojado... Sem falarmos sequer ele percebeu tudo o que pensei. E sem falarmos nada aparecia, tocava-me, dançava comigo...
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- E no final?
- No final, ainda sem dizer nada... [suspiro] Não sei, olha, veio ter comigo, deu-me um beijo nos lábios e deixou-me um copo na mão com um suporte de cartão. E desapareceu outra vez, pela última vez. Não o vi mais nessa noite e quando pensava que tinha desistido de mim, após findar o Gin Tónico que me ofereceu reparo que, no suporte de cartão estava..
- O número dele...
- Sim...
- Já ligaste?
- Ainda não...

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