quinta-feira, janeiro 13, 2005

A Mulher do Hospital - Parte X

Cheguei a casa bastante bem disposto. Dizia a mim próprio para ir com calma com o que sentia, mas nunca fui muito de ouvir a voz da razão e então permitia-me sonhar. Cheguei a sentir-me embaraçado com o meu próprio comportamento... Averdade é que sentia-me como se fosse um adolescente que tinha dado o primeiro beijo! Enfim... Via nela mesmo alguém que podia agarrar-me. Via que ainda tinha tanto para dar, e eu tinha tanto por descobrir nela... Sempre que me envolvia com alguém a magia desaparecia ao fim de uns dias, mas com MJoão não, magia era com ela, minha feiticeira...
.
Contudo (puta que pariu os "contudos"...), a verdade é que os próximos dias foram uma merda para mim. A alegria que sentia nesse momento ao chegar a casa permanceu por essa tarde, em que andei por casa, esvaneceu um pouco na noite, em que ela não ligou. A verdade é que estava a morrer para estar com ela, ao lado dela, dentro dela, tudo relacionado com ela eu queria nesse dia. Queria estar abraçado, conversar, fazer amor (não seria foder), dançar, tudo...
.
Mas tinha esta política de deixar o baralho nas mãos dela. Chamem-lhe inseguro, chamem-lhe o que quiserem, mas não queria ser eu neste momento a ligar, porque queria que ela fizesse nada mais nada menos que o que lhe apetecesse. Não queria ligar e faezr com que ela viesse contrafeita tomar café comigo. Eu chamo-lhe cavalheirismo. Todavia, após o segundo dia sem me ligar, este cavalheirismo foi traduzindo-se cada vez mais num aumento do meu número de cigarros por dia. Eu, que estava a reduzir cada vez mais, nesse momento estava a fumar maço e meio por dia!... Estava a estranhar-me a mim próprio, só pensava nela, nas razões pelas quais não me ligava. Seria que tinha perdido o número, será que disse algo que não devia? Que é que eu fiz?... Não me conseguia concentrar no trabalho, dormia pouco e sonhava com ela, ora não tinha apetite ora comia por mais de uma hora...
.
"Meu Deus, estou a ficar obcecado..." - pensei. Contudo, se fosse obcecado aquilo que eu estava, estava aquilo a que talvez se possa chamar um obcecado simpático... Tinha perfeita consciência do meu estado e das suas razões, não despejava nas outras pessoas. Estava triste, simplesmente triste... E assim se passou uma semana, nenhum telefonema... Estaria ela a passar o mesmo, pensava eu... Não, claro que não, eu deixei-lhe um bilhete a dizer para me ligar, respondia-me eu.
.
E foi na segunda Terça-Feira que eu não aguentei mais. Vesti uma voz calma, auto-confiante e descontraída e resolvi ligar-lhe, tinha de saber o que estava a passar-se. Merecia ao menos saber em que ponto as coisas estavam...
.
- Estou sim?
- Estou, João, é o Luís... [continua]

|
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com