terça-feira, fevereiro 08, 2005

A Mulher do Hospital - Parte XI

[pausa]
- Luis! Ola, tudo bem? - nao percebo se esta feliz por me ouvir, ou se sou eu que quero que esteja e entao me engano.
- Sim, tudo bem. Estava aqui em casa a ler e lembrei-me de ti. Nunca mais ligaste...
- Pois nao... Sabes, nao tenho tido tempo, tenho tido muito trabalho, depois ando cansada, e quando dou por mim o dia acaba.
- Ah, ok pronto. Era so para te dar um beijo e para te dizer que se te apetecer ir tomar cafe um dia destes sabes que estou disponivel.
- Sim eu sei. Ok entao, um dia destes ligo-te. Agora tenho que ir, xau. - e desliga. Consegue fazer-me sentir pior do que aquilo que ja me sentia antes de ligar. Sera que esta a dar-me tampa assim como nao queira coisa? A cortar tudo logo pela raiz? Que cena, sera que nao consegue arranjar uma hora para tomar cafe comigo? Ou pior (mas melhor, porque saberia como estavam as coisas) sera que nao consegue arranjar coragem para me mandar ah merda?
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E se eh mesmo verdade o que disse e nao tem tido tempo? De qualquer maneira, desliguei o telefone e fui dar uma volta. Passei em casa dum amigo e fomos ter com outros ao bar do costume. As conversas eram as mesmas, o sitio era o mesmo, parecia que tudo era o mesmo, e estava estranhamente aborrecido por estar ali. Que me apetecia fazer? Sim, claro, mas, alem de estar com ela? Nada.
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Ate sorria de mim para mim, com a ironia das coisas. Sempre vira este ou aquele, esta ou aquela, que estava desesperado por causa de outra pessoa, arrastavam-se para niveis de inaccao incriveis, e eu nunca percebera como se permitiam isso, porque nao batalhavam, e porque nao conseguiam nao pensar naquilo. Contudo, agora era eu que me aproximava a grande velocidade desse precepicio, desse lado do amor. As voltas que a VIDA da.
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Tive que ir para casa nessa noite.
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Assim o tempo foi passando. Continuava com o mesmo ritmo de VIDA que tinha adquirido fazia pouco tempo. Passava muito tempo em casa, horas frente ao pc, comia muito e devagar (por sorte nao sou do tipo de engordar facilmente), dormia pouco, sonhava com ela, nao ia ah praia fazia um tempao... E ela, claro, ainda sem ligar. E eu, claro, ainda a desesperar.
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Nao falava com amigos. Nem sobre ela nem sobre nada. Queria estar sozinho. Porque? Nao faco a minima ideia. Quando ouvia pessoas que estavam nestas situacoes dizerem que queriam estar sozinhas achava uma estupidez, e que nao fazia sentido nenhum. "Sera Masoquismo?..." - pensava. Bem, masoquismo nao eh, mas tambem nao sei que sera...
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Eis que uma noite, em que consegui sair de mim, observar-me e ganhar algum juizo, em dialogo comigo proprio fiz-me perceber do quao ridiculo estava a ser, e que eu tinha de ser mais forte que isto. Tomei banho, um banho demorado, vesti-me, a roupa que mais gostava, e fui dar uma volta.
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PAM!! Nestes momentos acredito no destino! Tenho de acreditar!...
Estaciono o carro na Praca da Republica e decido ir tomar cafe ah Associacao, pelos velhos tempos de estudante. Entro, sento-me numa mesa no canto saboreando um cafe e quem vejo?... Sim... Ao fundo, a falar sorridente e gesticulando, vejo MJoao, sentada numa mesa, um copo de cerveja nesta, e um rapaz um pouco mais novo que eu, atraente, sentado em sua frente.
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Fico quente. Totalmente quente, sinto o meu sangue pulsar nas veias, se olhasse quase via estas dilatar. Sobe-me uma adrenalina que nao posso descrever. Sinto-me quente, muito quente. Tenho de fazer algo. Levanto-me e dirigo-me a si. Desta vez nao tento mostrar uma cara disto ou daquilo, sera um esforco inglorio e impossivel. Toco-lhe no ombro e MJ roda a cabeca. Ao ver-me, a sua cara de surpresa eh evidente.
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Falo, calmo mas nao muito sorridente.
- Joao, tudo bem? Estou a ver que sempre conseguiste arranjar um espacinho entre o teu trabalho... [continua]

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