segunda-feira, dezembro 20, 2004

A Mulher do Hospital - Parte IX

- Hei, não queres ir para a cama? - Acordo. Vislumbro um relógio de ponteiros que me dizia serem perto das 5 e meia. De facto estava um pouco frio ali, no meio da sala, dormindo todo nu. Ao meu lado, MJoao com um olhar ensonado, com apenas uns boxers femininos no corpo levantava-se com intencoes de ir para a cama, pensava eu.
.
Vejo-a caminhar lentamente, sempre com aquele balancar de ancas que me seduzia, até desaparecer no corredor. Levanto-me, visto os boxers e sigo-a. Chego à cama, levanto o edredão que a cobria e deito-me também. Viro-me para o seu lado e pouso minha mão na sua cinta. Ligeiramente MJoão faz a minha mão descer pelas suas costas, aterrando nos lençois já quentes. Tento não fazer caso e fecho os olhos. A última coisa que vi antes de adormecer foi sua cabeça pousada na almofada, ocupada quase no total pelos seus cabelos, espalhados quase de forma artística e preparada.
.
Abro os olhos. Talvez pela primeira vez na minha VIDA tinha conseguido dormir sem me mexer, já que tinha acordado exactamente na mesma posição em que adormecera (será que tinha dado mil voltas e acabado na mesma?...) Contudo meus olhos não vêem o mesmo que viam ao adormecer. Em vez, viam uma janela com cortinas azuis claras e uma frincha aberta, por entra entrava uma leve corrente de ar, que julgava ter sido a razão de meu despertar.
.
Penso que deve estar na cozinha, na sala, a tomar banho... Não consigo deixar de pensar naquelas imagens que Hollywood nos trazem da bela mulher, depois duma noite louca, na cozinha a preparar qualquer coisa com apenas uma camisa de homem vestida. Sorrio e afasto o pensamento da mente, à medida que me dirigo à cozinha. Com a luz acesa e vestígios de um pequeno-almoço preparado e comido, encontro uma nota no meio da mesa de mármore negro.
.
"Bom dia. Tive de sair. Podes comer o que quiseres. Maria João." - fiquei um longo minuto a olhar para a nota. Parecia-me... Seca, é a palavra. Disse a mim mesmo para parar com paranóias, simplesmente não me quis acordar e provavelmente teve de sair à pressa. Contudo, não sabia o que fazer... Se ficar, esperando-a, se sair... Acabo por me decidir a tomar um duche, comer qualquer coisa e ir para casa, deixando uma nota também.
.
Assim, passado uma hora, em que tomei com calma um longo duche, e preparei depois uma sanduíche que me soube deliciosamente, peguei na caneta que ainda estava na mesa ao lado do papel, virei este e escrevi nas suas costas: "Bom dia. Obrigado, roubei-te 2 ou 3 salsichas, espero que não te importes:) Também tive de ir para casa, tratar duns assuntos [menti]. Se mais logo quiseres fazer qualquer coisa, um café, um filme... Liga-me. Beijos, Luís."
.
Esperando que de facto me ligasse, deixo o apartamento. Apanho um táxi e vou para casa. [continua]

|
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com